29 abril 2009

PALESTRA COM LÚCIA SANTAELLA: RESUMO

Ontem a professora e pesquisadora Lúcia Santaella, autora de aproximadamente 40 livros e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Desgn Digital na PUC-SP, brindou os professores do NIED e das salas de informática da RME com uma palestra sobre “Leitura Digital”, abordando as novas mídias e o impacto delas no comportamento cultural e de apreensão da informação por parte dos internautas. Depois, à tarde, conversou com a equipe do NIED. Essa postagem tenta resumir suas considerações nos dois momentos. (Franz)

A CULTURA DE GUTEMBERG
Para Santaella, essa nova estrutura do pensamento começou no séc. 19 com os jornais, que exigiam novas habilidades cognitivas e perceptivas, e predominou até os anos 1970. O ícone da mídia impressa no papel foi o livro, do qual a pesquisadora admite ser aficionada (sua biblioteca possui 5 mil livro), mas reconhece que essa mídia, por questões ecológicas e por ser dispendiosa, deve sofrer alterações.

Ela ressalta que a linguagem da Internet tem suas raízes no modelo de leitura do jornal. “Não se pode prever como cada indivíduo vai ler um jornal” – afirma –, pois embora o jornal apresente as informações numa certa linearidade, o indivíduo pode buscar a informação de forma não-linear, saltando páginas e cadernos, pulando de notícia em notícia segundo o seu interesse no momento. “Esse tipo de estrutura de busca e leitura está se refletindo na Web”, acrescenta a pesquisadora.

Segundo Santaella, a cultura de Gutemberg, baseada numa leitura sequencial da informação, perdurou por mais de 400 anos e plasmou a sociedade moderna, contribuindo para criar o paradigma escolar vigente. Mas, isso mudou com o advento da televisão. Atualmente, com as TV a cabo e on demand , é possível se obter programações específicas e direcionadas a determinados públicos. Isso acabou com a hegemonia da cultura de massa e fez surgir a cultura das mídias.

CULTURA DAS MÍDIAS
Santaella diz que foram os pequenos aparelhos que nos acompanham que foram minando predomínio da cultura de massa ditada pelo jornal e rádio. E exemplifica com celular, “um equipamento tecnológico que está te seguindo, em vez de você ficar parado na frente dele”. Outro é o controle remoto. De posse do controle remoto o indivíduo pôde trocar de canal (zapping) com rapidez, facilidade e conforto toda vez que a programação apresentada não lhe agradar. Isso, inclusive, afetou o modo de fazer publicidade na TV. E acrescenta: “Aprendemos a lidar com as redes a partir do controle remoto”.

Contudo, para Santaella, o modelo de transmissão da informação e o paradigma de leitura atual, devem mudar. Isso porque cada tecnologia tem seu próprio modelo de linguagem, e ela usa a televisão como exemplo: “No seu começo, a TV imitava o teatro e o rádio, até encontrar sua própria linguagem”. Por isso não adianta desenvolver programas educacionais para o computador tomando-se por modelo o livro ou a apostila, que são tecnologias que exigem uma leitura linear.

Por outro lado, nossa vida está cheia de “tempos mortos”, que são os momentos em que o cidadão desperdiça em filas de bancos, salas de espera, pontos de ônibus etc. E esses momentos estão cada vez mais sendo ocupados pela tecnologia digital, como celulares 3 e 4 G, palms, laptops. Assim, hoje, com as novas tecnologias da informação e comunicação, a aprendizagem acontece em qualquer lugar e a qualquer tempo. Com a penetração dessa tecnologia o cotidiano de alunos e professore, a escola tem que encontrar uma nova lógica de atuação. “A nova escola é aquela que fica porosa às novidades tecnológicas”, mas a TV, por exemplo, não solucionou o problema da educação, talvez porque, explica a pesquisadora, no seu auge estava subordinada à censura, como toda a imprensa, e “a escola se opôs a cultura de massa, ao invés de criar novas alianças”.

LINGUAGEM LÍQUIDA *
Toda a transformação sofrida pelo ser humano advém da fala, da nossa capacidade de falar e comunicar. Mas Santaella informa que “a fala não é essa coisa tão natural” ao animal humano. Ela tem um núcleo artificial, “por isso as tecnologias mais importantes que se desenvolveram foram as da fala”, argumenta.

Para Santaella, a Web está desenvolvendo em nós a habilidade de fazer conexões ente coisas distintas, e o leitor passa de uma forma de leitura para outra com rapidez impressionante. Essa nova linguagem exige habilidades cognitivas que o cidadão do século passado não estava habituado, não foi estimulado a construir ou não teve muitas chances de desenvolver.

Por outro lado, informa Santaella, “os jovens de hoje estão adquirindo uma mobilidade mental surpreendente, e o professor não o acompanha, ficando como um dinossauro.” Eles são capazes de realizar múltiplas tarefas diante de um computador: abrem e gerenciam diversas janela, se comunicam com várias pessoas pelo MSN, digitam, ouvem música, assistem TV, jogam, tudo isso simultaneamente.

* Linguagem líquida é toda informação apresentada na forma digital, que existe mas não tem a ‘solidez’ de um livro, de um CD.

OS 3 TIPOS DE INTERNAUTA
Para utilizar as novas mídias o leitor deve educar seu olhar e construir novas habilidades de leitura e de busca pela informação. Nessa particularidade, Santaella apresentou seus três tipos de leitores, o contemplativo, o movente e o imersivo. Explicando que o leitor contemplativo é o típico leitor da mídia impressa. Ele necessita de um local mais tranqüilo e mesmo de um certo ritual. Não tem a rapidez do leitor movente, aquele que surgiu com a revolução industrial, com o surgimento de uma sociedade frenética e dinâmica, com a fotografia e as mídias de massa, como o jornal e televisão. O ultimo tipo de leitor é o imersivo, aquele que está surgindo nessa sociedade virtualizada, para quem a linguagem líquida não é novidade. São os nativos digitais.

E observando o comportamento dos usuários da Internet, a pesquisadora classificou os internautas em três tipos distintos de leitores: o advinho, o indutivo e o dedutivo. O primeiro é aquele indivíduo que navega de forma adivinhatória; o segundo, o “detetive”, navega seguindo pistas em busca da informação que necessita; o último, também conhecido por “expert” ou “previdente”, é aquele capaz de prevê o resultado de suas ações na pesquisa.

28 abril 2009

LÚCIA SANTAELLA FAZ PALESTRA NO NIED


Profª Dra. Lúcia Santaella; Dra. Stella Faciola Guimarães, Diretora Geral da SEMEC; Profª Terezinha Gueiros, Secretária Municipal de Educação e Profª. Maria Isabela Faciola Pessôa, Coordenadora do NIED

A convite da Secretaria Municipal de Educação, por meio do Núcleo de Informática Educativa-NIED, nesta terça-feira (28 de abril) a Profª Lúcia Santaella ministrará palestra sobre o tema "Leitura Digital", no auditório do NIED, para os professores da rede municipal de ensino lotados nas Salas de Informática.

O convite enviado pela Coordenadora do NTE, profª. Maria Isabela Faciolla Pessoa, esclarece que a palestra abordará os três tipos de leitores identificados por Santaella, o contemplativo, o movente e o imersivo, focando as habilidades de leitura que podem ser desenvolvidas por alunos usuários da Web, e estabelecendo diferenças dos demais tipos de leitura construídos a partir das relações entre texto, imagens, desenhos, animações, sons, layout/diagramação, cores e outros sinais e elementos gráficos presentes no ambiente de leitura virtual.

A Profª LUCIA SANTAELLA é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo (PUC-SP), com doutorado em Teoria Literária na PUC-SP e Livre Docência em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicações e Artes - USP. Foi pesquisadora convidade na Universidade de Indiana (USA), nas Universidades Livres de Berlim e Kasesl (Alemanha) e realizou varios estágios de pós-doutorado no exterior. Publicou diversos livros, entre eles Matrizes da Linguagem e Pensamento (Prêmio Jabuti 2002); "Imagem-Cognição, Semiótica, Mídia"; "Cultura e Artes do Pós-Humano: da cultura das mídias à cibercultura"; "Navegar no Ciberespaço - o perfil cognitivo do leitor imersivo" e é autora de mais de 200 artigos.

14 abril 2009

Momentos do ALFAMAT

ALFAMAT - Alfabetização Matemática, Leitura e Escrita

Iniciou ontem, dia 13/04 (segunda-feira), o projeto ALFAMAT, uma oficina de metodologia em Matemática e Português com suporte da Informática para professores de CB II, e cujo objetivo é oferecer a esse professores um domínio sobre os parâmetros e indicadores da Prova Brasil, de maneira a que promovam melhorias na sua práxis pedagógica com vistas a melhorar o aprendizado do seu alunado e, consequentemente, elevar o índice de desempenho desses estudantes. Entretanto, nesses dois primeiros dias o número de faltosos causou surpresa.

Blog "Vamos Papear" faz postagem sobre o ALFAMAT

Com o título "Um Momento Histórico na Educação em Belém do Pará, o professor Roberto Cunha postou em seu blog uma homenagem ao Projeto ALFAMAT (veja abaixo) e ao esforço conjunto do NIED no sentido de melhorar a educação pública do município de Belém.

Encontrar a receptividade de professores como o Roberto, da Escola Municipal Inês Maroja, não só nos estimula como também nos dá a certeza de que o caminho para melhorar o aprendizado dos alunos da rede pública municipal passa, necessariamente, pelo compromisso do professor com sua formação continuada e em serviço, pelo emprego da Informática como ferramenta auxiliar do processo de ensino, pelo compromisso dos gestores e pela adoção de políticas públicas adequadas.

06 abril 2009

TODOS PELA EDUCAÇÃO

Com a presença da Profª Terezinha Moraes Gueiros, Secretária Municipal de Educação, da Diretora Geral da SEMEC, Dra. Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães, de técnicos do Grupo Base, do COED, SISMUB e Escola Bosque, além de toda equipe do NIED e dos professores de Salas de Informática Educativa-SIE, aconteceu nesta sexta-feira, dia 3 de abril, no espaço Cinema Olímpia, o encontro da Secretaria Municipal de Educação-SEMEC com técnicos e professores das escolas da rede municipal de ensino-RME que atendem turmas de C II -2° ano , ou seja, turmas de 4ª série.

O encontro teve como objetivo apresentar um plano emergencial para o enfrentamento da situação das escolas municipais diante dos indicadores do SAEB e IDEB e, ante os baixos índices apresentados, sensibilizar os participantes para as propostas e estratégias da SEMEC com vistas a garantir uma educação de melhor qualidade para os estudantes da RME e elevar seus indicadores de desempenho na Prova Brasil, em outubro próximo.

Pacto pela Educação

Com mais de duzentos participantes, o enconto teve início com a Dra. Stella Guimarães apresentando os indicadores da Prova Brasil e os índices do IDEB para as escolas da RME, ressaltando a importância de se elevar esses indicadores dentro de uma ação conjuntada, que chamou de "um pacto pela educação". Como uma das primeiras ações, a Coordenadora do NIED, Profª Maria Isabela Pessôa, apresentou o Projeto "ALFAMAT - Alfabetização Matemática, Leitura e Escrita", elaborado e coordenado pela Profª Odinéa Lopes, e desenvolvido pela equipe do NIED, cujo foco é exatamente o desenvolvimento de competências e habilidades em Matemática e Português, as duas disciplinas bases das avaliações da Prova Brasil.




ALFAMAT- Alfabetização Matemática, Leitura e Escrita

O NIED empenha-se na melhoria do ensino público municipal desenvolvendo pesquisas e elaborando projetos em que os recursos multimidiáticos das Salas de Informática Educativa tornam-se instrumentos de upgrade pedagógico. Dentre os diversos projetos em desenvolvimento destaca-se o "ALFAMAT - Alfabetização Matemática, Leitura e Escrita."

Coordenado pela Prof. Odinéa Lopes, o ALFAMAT surgiu em 2008, em virtude da necessidade de se desenvolver metodologias suportadas pelas Tecnologias de Infromação e Comunicação-TIC na área específica da "alfabetização matemática". Em 2009, com a aproximação da aplicação da Prova Brasil, a SEMEC lançou ao NIED o desafio de elaborar uma proposta de formação por meio da qual os professores de sala de aula pudessem desenvolver atividades integradas àquelas realizadas na sala de informática, numa tentativa de melhorar o desempenho dos alunos nas áreas supracitadas. Assim, o ALFAMAT foi, então, redimensionado para atender as áreas de Português e Matemática, com vistas à aprendizagem dos estudantes da Rede Municipal de Ensino-RME, matriculados no Ciclo II - 2° ano.

O diferencial desse projeto é que todos os professores das 54 escolas da RME que atuam com C II-2° ano estarão recebendo uma formação, nos laboratórios de informática do NIED, durante sua Hora Pedagógica-HP. O projeto envolve cerca de 255 docentes e mais de 5.700 estudantes e adotará a mesma estrutura de avaliação feita pela Prova Brasil, respeitando seus a mesma formatação da prova e seus descritores, para cada uma das duas disciplinas.